Em 2014 comecei o meu primeiro projeto a solo - Coleção de Amantes. Começou de forma espontânea, a partir de uma urgência artística e pessoal. Em 2015 recebi o convite do Teatro Nacional Dona Maria II para a co-produção de um espetáculo através dessa Coleção. Bernardo de Almeida, antigo amigo e cúmplice, envolveu-se rapidamente no projeto aceitando o desafio de colaborar na criação do espetáculo. António Pedro Lopes, amigo recente e cúmplice nas primeiras conversas sobre este trabalho, foi se envolvendo aos poucos com o projeto até já não poder estar mais fora dele. O convite a ambos realizou-se, coincidentemente, na cozinha do meu antigo apartamento em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. A olharmos para a Lapa e a curiosidade de entrar em cada uma daquelas janelas a engolir-me o coração.

Em 2015 começámos esta parceria a três, estreámos a Coleção de Amantes e logo depois começaram as tours, as residências artísticas e o entendimento que o projeto era maior que havia chegado para durar no tempo e se experimentar em diversas abordagens. Surgiu assim a segunda coleção, a terceira e agora a quarta. Este é um projeto artístico, possível por uma forte amizade e confiança que se foi construindo ao longo destes 6 anos. Muitas viagens junt_s: quatro meses em Paredes de Coura, duas semanas na Amazónia, um mês nos Estados Unidos, outro na Noruega... Aviões, carros, comboios, bicicletas, caminhadas. Dormir na selva, escorregar no gelo, carregar malas, falar portunhol. Conhecemos novos lugares junt_s, pessoas, sabores, experiências, histórias caricatas e situações inesperadas.

A Coleção de Pessoas é sobre encontros, lugares e memórias. A documentação e pesquisa artística que se vai gerando através deste projeto, conta as nossas próprias histórias: nós crescemos, aprendemos, e sobretudo transformámo-nos junt_s através destas experiências. 

Outr_s artistas, profissionais e criador_s trabalharam conosco na criação deste website: Missanga (produtora e gestora financeira), Afonso Sousa (realização e edição de vídeos) e Sérgio Couto (webdesigner).

Constroem ainda esta história desde 2015: Cárin Geada, Carolina Caramelo, Eduardo Abdala e Rui Monteiro (desenhador_s de luz e diretor_s técnic_s), Claúdia Gaiolas, Joana Brito e Silva e Mariana Dixe (colaborador_s artístic_s), Odete e Noiserv (músic_s), Mónica Talina (produtora), José António Tenente (figurinista), Diogo Lima (realização e edição de vídeos), Rubén Monfort e Sílvia Prudêncio (designers).

Apesar de produzirmos num contexto cultural precário e fraturado, temos tido o privilégio das oportunidades que nos foram surgindo. Mas a nossa resistência é de uma dedicação a tempo inteiro e convicção no que acreditamos junt_s, no que acreditamos artisticamente e politicamente. Criámos um projeto artístico que pauta por princípios éticos de um mundo diversificado e livre e é assim que continuaremos.

 

Afonso Sousa, nascido em Faro, em 1992, vive entre o Algarve, o Alentejo e Lisboa. Estudou Comunicação Social na Universidade Católica Portuguesa e, em 2013, iniciou o Desterro, um projecto documental em vídeo sobre artistas da cidade de Faro. Hoje trabalha como fotógrafo e videógrafo, onde se destacam os trabalhos com marcas como o Esporão e a Gleba Padaria. Desde 2017, trabalha com a artista e colecionadora Raquel André, na criação de vídeo e fotografia para a Colecção de Pessoas.

António Pedro Lopes vive entre Lisboa e Ponta Delgada. Trabalhou com Jérôme Bel, João Fiadeiro, Marco Berrettini e Gustavo Ciríaco, apresentando-se nos 4 continentes. Performer, curador e agitador cultural, organizou Skite/Sweet&Tender Porto 2008, uma residência artística para 50 artistas no Porto; CELEBRAÇÃO (2012) uma festa de dança para a Culturgest; Meio Mundo Estrada Fora (2014) uma residência artística nómada por Lisboa, Porto, Madrid e Paris. Desde 2014, é codiretor artístico do Festival TREMOR nos Açores, e desde 2019, do Fabric Arts Festival, em Fall River, MA, nos Estados Unidos da América. Trabalha com a artista e coleccionadora Raquel André desde o projeto Colecção de Amantes, assinando a co-criação artística e comunicação das diversas colecções de pessoas e as suas transformações em livros, espectáculos e conferências, bem como acompanhando a sua apresentação e difusão nacional e internacional.

Bernardo de Almeida vive em Berlim, frequenta o mestrado SODA da Universidade das Artes de Berlim. Foi bolseiro INOV-ART em Nova Iorque onde pesquisou e colaborou com os New York City Players, Elevator Repair Service e The Wooster Group. Integrou a École des Maîtres sob direccão de Rafael Spregelburd. Trabalhou com Rogério de Carvalho, Joaquim Benite, Jorge Silva Melo, Martim Pedroso, Miguel Loureiro, Michel Simonot, David Pereira Bastos, Jorge Andrade, Nuno M Cardoso e Cristina Carvalhal, Álvaro Correia, Francisco Salgado, Alfredo Martins, Julia Jarcho, Mónica Garnel, Tiago Rodrigues, Emanuel Aragão, Ricardo Neves-Neves, André Uerba, Tiago Cadete e GobSquad. É co-criador do projeto Coleção de Pessoas com Raquel André e António Pedro Lopes. Os projectos onde colaborou e pesquisou, tiveram períodos de criação e apresentações públicas de norte a sul de Portugal e Açores e em várias cidades na Europa e Américas.

 

Cárin Geada formou-se no curso de Luz, Som e Efeitos Cénicos na Academia Contemporânea do Espetáculo (2007/2010) . Em 2014, conclui a licenciatura em Produção e Design de Cenografia na ESMAE.  Tem desenvolvido o seu trabalho como Desenhadora de Luz desde então, trabalhando com alguns encenadores e coreógrafos, como Joana Providência, João Cardoso, Raquel André, Cristina Planas Leitão, Miguel Pereira, Natacha Belova , Cristina Carvalhal, Gonçalo Amorim, Bruno Alexandre, Tiago Rodrigues. Atualmente, assume as direcções técnicas do Festival FITEI e do programa da Câmara Municipal do Porto - Cultura em Expansão. 

 Cláudia Gaiolas, criadora, intérprete e artista associada do Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser. Foi co-fundadora do Teatro Praga e do colectivo SubUrbe.  Tem trabalhado com diversas companhias e criadores. Encenou, entre  outros, os espetáculos ”A partir de amanhã” para o Teatro Maria Matos e ”A Mulher que Parou” com Pedro Carraca para o Alkantara, com textos de Tiago Rodrigues. Para o São Luiz Teatro Municipal, dirigiu o ciclo ”Antiprincesas” e com Anabela Almeida e Sílvia Filipe co-dirigiu o espetáculo ”As Três Sozinhas” para o Teatro Nacional D.Maria II. Realizou várias oficinas dirigidas à infância e juventude para a Câmara Municipal de Lisboa, Artemrede, Teatro Maria Matos, CCB, Fundação Calouste Gulbenkian e Forum Dança. Lecionou teatro entre 2001 e 2018 na Academia de Música de Santa Cecília.

 João Neves, músico, sonoplasta, designer de som para artes performativas — teatro, musicais, performance e instalação — técnico de som (estúdio e ao vivo) e de vídeo desde 2010. Tirou o curso técnico de Som da RESTART, em 2010, e diversas formações avançadas, de salientar Fundamentals of System Design, Implementation and Optimization, ministrada em 2018 pela Meyer Sound. Integra desde 2015 o sector de Som e Audiovisuais do Teatro Nacional Dona Maria II, onde, paralelamente às funções técnicas que desempenha, tem criado bandas sonoras, trabalhos de sonoplastia e de design sonoro para os espectáculos apresentados nas suas salas, bem como adaptações para digressão. Enquanto sonoplasta, técnico e designer de som independente, colaborou com o Teatro Praga, Mickael de Oliveira, Raquel André, Catarina Vieira, John Romão. Comunicativo, trabalhador dedicado, empreendedor, criativo, integra-se com facilidade em equipas de trabalho, nutre especial interesse por projetos transdisciplinares que liguem ciência e arte. É um amante da música, das artes plásticas e performativas, e um entusiasta do desenvolvimento de novas tecnologias.

 José António Tenente, após ter iniciado a sua formação superior em Arquitectura, José António Tenente envereda pelo design de moda, e revela em 1986 a sua primeira colecção. Com um trabalho reconhecido e galardoado com vários prémios de “Criador de Moda” e outras distinções, dedica-se atualmente, quase em exclusivo, à criação de figurinos para dança, ópera e teatro, actividade que desde cedo ocupa um importante lugar no seu percurso. "Estreou-se" nesta área em 1990 com Rei Lear, com encenação de Carlos Avillez para o TEC e desde aí colaborou com diversas companhias de dança, como o Ballet Gulbenkian, Companhia Clara Andermatt, Companhia de Dança Contemporânea de Évora, Companhia Nacional de Bailado, Companhia Paulo Ribeiro, com coreógrafos como Benvindo Fonseca, Clara Andermatt, Nélia Pinheiro, Paulo Ribeiro, Rui Horta, com as orquestras Divino Sospiro e Metropolitana, e com encenadores como Beatriz Batarda, Carlos Pimenta, João de Brito, Luca Aprea, Marco Medeiros, Maria Emília Correia, Miguel Loureiro, Rares Zaharia, Raquel André, Ricardo Neves-Neves, Tiago Rodrigues, Tonan Quito e Yaron Lifschitz, entre outros. 

Missanga Desde cedo se sentiu desafiada pelos números, frequentando a Licenciatura em Matemática, no entanto, foi ligada às artes - na produção, gestão administrativa e financeira - que tem desenvolvido o seu percurso profissional. Colaborou com diversos artistas e Festivais, entre outros - Trovante, Rui Veloso, Madredeus, Festival de Sagres, Filhos da Madrugada, Sons do Mar (1989 a 1996). Fez parte da Unidade de Espectáculos da Expo 98 (1996 a 1999). Entre 2000 e 2018 colaborou com 2 empresas. A primeira, especializada em programas de TV e gravações ao vivo - Auditiv; e a segunda - Puro Audio - em prestação de serviços para os Festivais de Música - SBSR, MEO Sudoeste, NOS Alive, entre outros (2000 a 2018). Desde 2015 que colabora com a The Grape destacando os seguintes eventos Nando’s Indaba UK (2017 e 2018), Web Summit (2018 e 2019), Final da Liga dos Campeões (2014 e 2020). Produziu o projecto Projeto P! - Comemoração dos 100 anos do Pim de Almada Negreiros. (2017). Em 2018 iniciou a sua colaboração com a artista Raquel André e novos desafios surgiram como este, o de “colecionar o efémero” através do seu projecto Colecção de Pessoas. 

 Odete, artista multidisciplinar, Odete (n. 1995, Porto) desenvolve uma obra que opera no domínio da música, artes visuais, performance e teatro. O seu trabalho é explicitamente autobiográfico, deixando claras as conexões entre o pessoal e o político. Concluiu o curso de Artes do Espetáculo na Academia Contemporânea do Espetáculo - Escola de Artes no Porto, em 2013, onde frequentou o curso de artes performativas na área da representação. Tem também um bacharelato em Estudos Gerais pela Universidade de Lisboa. Apresentou as suas criações em diferentes espaços e contextos, tais como, Teatro Sao Luiz (Lisboa) Teatro Municipal Campo Alegre (Porto), malavoadora.porto (Porto), CasAzul (Barcelos), CAPC – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (Coimbra), Festival DDD – Dias da Dança (Porto), Festival Iminente (Lisboa), Rua das Gaivotas 6 (Lisboa). Recentemente ganhou o prémio ReXform para as artes performativas, apresentando o projeto "On Revelations and Muddy Becomings" no MAAT, em colaboração com a BoCA bienal. Na área da música, é agenciada pela Filho Único. Editou EPs e álbuns "Water Bender" (New Scenery, 2020), "To those who are paranoid broken bored" (Self-release, 2019), "Amarração" (Rotten:Fresh, 2019) e "Matrafona" (Naivety, 2018). Fez música para o espetáculo "Coleção de Artistas" de Raquel André, "Manguba" de Luara Learth Moreira e para "Yellow Puzzle Horse" de Dinis Machado. Fez trilhas sonoras para vários filmes incluindo "Rapariga Imaterial" de André Godinho/Cão Solteiro. ou "Atravessar a grande Noite" de Jota Mombaça. Colaborou com o coletivo knowbotiq em soundscapes para paisagens na Escócia e Guimarães. Faz parte da "SHAPE platform" 2021-2022, uma plataforma para música inovadora financiada pelo programa da União Europeia "Europa Criativa".Odete colaborou como performer em “Cyborg Sunday” de Dinis Machado, em “O Despertar da Primavera” do Teatro Praga e recentemente numa performance de Gonçalo Lamas, “Boeing 7232” na Culturgest Porto (Porto). Prepara-se para lançar o seu primeiro livro em 2021, com a Pântano Books.

Raquel André é colecionadora, performer e criadora. Atualmente doutoranda bolseira no Centro de Estudos de Teatro na Faculdade de Letras - Universidade de Lisboa. Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em Artes da Cena, sendo a sua pesquisa direcionada ao Colecionismo nas Artes Performativas. Em 2011, emigrou para o Rio de Janeiro, trabalhou perto de Bel Garcia, César Augusto, Marco Nanini e Fernando Libonati, em criações da Cia dos Atores e projetos no Galpão Gamboa. Um dia pediu a um estranho que fosse à sua casa para fotografá-los juntos como se ele fizesse parte de sua intimidade, começando assim a Coleção de Pessoas em 2014, uma coleção de 4 projetos: Amantes, Colecionadores, Artistas e Espectadores, um projeto escrito para 10 anos. Todos os seus projetos são focados na interação e encontro com a população local. A partir de encontros um para um, Raquel faz espectáculos, performances, conferências, livros e exposições para criar um arquivo do efémero. Raquel foi artista da APAP Performing Europe (www.apapnet.eu) entre 2017-20, o que lhe deu o entusiasmo e a capacidade de colaborar e trabalhar intensamente no contexto internacional. O seu trabalho tem sido apresentado em vários países da Europa, América do Sul e do Norte. É também formadora tendo trabalho com adolescentes no projeto Kcena no TNDMII (2019) e no projeto Labor no Teatro LU.CA (2020).

Sérgio Couto, 1983, Leça da Palmeira. Atualmente vive e trabalha no Porto. Licenciado pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em Design de Comunicação, o seu trabalho abrange várias áreas como o design gráfico, editorial, multimédia, programação web, vídeo. Em 2010 funda o estúdio de Design “Bolos Quentes” dedicado ao design de comunicação e direção artística, tendo desenvolvido um forte portfólio. Na sua lista de clientes destacam-se, Fundação de Serralves, Guimarães 2012, C.M. Porto, Grupo Amorim, Lovers and Lollypops, Red Bull Cultural Events, MAAT-Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia Casa da Arquitectura entre outros. Atualmente dedica-se ao desenvolvimento de projetos culturais e artísticos, desenvolvendo estratégias de identidade e comunicação de forma transversal.

 

 

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